A ponto de se obter maior prazer em não escrever do que escrevendo. E há nada de errado nisso.
Um trabalho como outro qualquer?
Um dos principais dilemas de quem se quer escritor ou escritora é entre escrever e não (ou parar de) escrever. Em linguagem mais shakespeariana, entre ser e não ser escritor ou escritora. Realizar o ato da escrita implica em encará-la como um trabalho, com todos os percalços que um trabalho pode ter.
A começar pela rotina. Para aqueles que se aventuram na literatura, um aspecto muito importante é a consistência na produção. Uma escritora ou um escritor se formam e se aprimoram a partir das obras que criam e publicam.
Enfrenta-se portanto a batalha de escrever frequentemente - diariamente? -, de estabelecer projetos, de cumprir prazos, de verificar a qualidade do texto produzido e buscar sua melhoria. A jornada da escrita pode se tornar árdua.
Além disso, a escrita não depende do livre fluir da inspiração. Ela exige disciplina e esforço constante. Frequentemente se parece com escalar um muro de superfície plana para se chegar ao outro lado.
Ignorando-se o que nos espera do outro lado.
Sem renda nem reconhecimento
A prática da escrita se notabiliza pela solidão. Se escrever pode trazer recompensas emocionais, satisfação pessoal, nem sempre traz reconhecimento. Ou o reconhecimento demora. Ou talvez nunca venha.
O mais provável é que jamais se escreva o livro mais vendido. De nuca ser o ganhador de um importante concurso literário. E nessa toada se vai construindo um conjunto de obras que encontrarão mais ou menos leitores.
Por que então escrever? O que escrever? Onde publicar? Para evitar que a expectativa se transforme em desânimo, recomenda-se a companhia da humildade a quem faz literatura.
Prazer de não escrever
Os empecilhos e o esforço criam situações em que não escrever é mais prazeroso do que escrever. Tanto para o iniciante quanto para quem está na estrada há muito tempo. A procrastinação - quando se adia o momento de sentar e dar continuidade à escrita - surge como um refúgio.
Existe um certo alívio em se evitar a tela ou a página em branco. E assim permanecer por uns dias, semanas ou mais. Tudo bem, todo mundo precisa de uma folga.
Acontece, sendo mais comum do que se supõe: o trabalho literário fica cansativo, moroso, amargo. E aparecerem os momentos do prazer de não escrever. Mas depois do merecido descanso, deve-se respirar fundo, manter a calma e teimar feito um mula.
Só que, ao contrário do que diz o ditado, em vez de empacar no mesmo lugar, teimar em seguir adiante. Porque, no final, espera-se, a escritora ou escritor encontrará satisfação com o trabalho concluído.
Finalmente, vale lembrar que a tecnologia abriu oportunidades para quem escreve. Muito além de um livro, um texto encontra outros diversos meios para se publicar, como, por exemplo, blogs e mídias sociais.
Através deles também se faz literatura. De um modo bem mais próximo de possíveis leitores. Também são formas disponíveis para se explorar.
Escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário