O autor ou autora que se intromete na história ou toma as decisões em lugar de seus personagens se arrisca a colocar uma pedra no caminho da leitura. Empobrece o enredo, que se transforma em uma cadeia insonsa, mecânica, de acontecimentos - um fato que leva a outro fato que causa um outro.
Que interesse para o leitor ou leitora haverá em um livro assim? Melhor ler as notícias do jornal - cuidando-se de escapar das armadilhas da falsidade digital - para se informar a respeito do mundo.
Força interna
Melhor a quem escreve é guardar a vaidade para situações da vida ordinária. Um pouco de vaidade é fundamental para cuidar de si mesmo. A vaidade de fazer exercício diariamente, de se alimentar bem, de cuidar da própria saúde.
A ficção agradece se a vaidade ficar de fora. Pode-se planejar e conceber uma história com antecedência, talvez meticulosamente, mas enredo e personagens é que a conduzem, modificam: eles são a história.
Para satisfazer a leitura, para que se continue a virar a página de um livro, o enredo tem de possuir uma força interna. Estar dotado de um certo arrebatamento. E isso não se transmite diretamente do autor ou autora para o papel.
A conjunção dos elementos da obra é que dará essa força interna, promovendo o arrebatamento à trama e ao enredo. Muito comum, aliás, irem de encontro às expectativas de quem escreve. Para dar lugar e perceber essa força, talvez valha o conselho: escreva como estivesse lendo.
Seja menos o gênio criativo - ideia inventada pela escola romântica de sociedades burguesas - e mais leitor.
Escritor
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